14 de set. de 2012

ESCUTAMOS, LOGO PENSAMOS.


A falta de informação, em qualquer terreno, é um fato grave. É tão grave que permite orientar à vontade a opinião pública. Quando uma sociedade inteira acredita em que a informação que recebe com insistência a cada dia é a verdade absoluta, a grande maioria começa a se comportar em forma dirigida pelas mesmas informações.
O problema que estou colocando aqui vai muito além de aquela famosa “guerra” entre manifestações cultas e populares. O problema parece ser uma falta de oportunidades para escutar um gênero de música que representa um patrimônio da humanidade: a música clássica.

Essa falta de oportunidades vai longe de mais. Se a mídia toda, a TV, as emissoras de rádio, os jornais e revistas nas bancas, as editoras de CDs e DVDs, os grandes shows para multidões, tudo, absolutamente tudo, demonstra até mediante estatísticas “qual é” a música preferida por todos, pareceria um fato incontestável. Tão incontestável como que há milhões de pessoas que, por simples desconhecimento, acham que isso que sempre se escuta é “a música” e nem imaginam que exista algo diferente.


Não seria inteligente negar um fato real. Acontece que a orientação planejada das preferências musicais do grande público é um dos exemplos mais sutis de marketing. Nos anos 60 foi lançada uma campanha publicitária internacional com o slogan “música para a juventude”. A “outra” - não precisava explicar - era para idosos. A campanha teve tanto sucesso que perdura até hoje, implicitamente, nas estatísticas. Ninguém pensou que qualquer música, se for se manter só pela preferência dos idosos, estaria morta há séculos. Mas, isto não aconteceu porque muitos mais jovens dos que talvez você acredite, preferiram e cultivaram “essa outra” música.

O que mais chama a atenção é a forma como seria possível objetar as preferências, não tanto subjetivamente, mas sim de um ponto de vista da psicologia do marketing empresarial. Se eu fabrico determinados produtos e consigo inundar o mercado, aos poucos o público irá esquecendo quase todos os demais produtos por falta de oportunidades para comparar. As vendas serão seguras pela monopolização do mercado. Uma vez atingido esse objetivo, se alguém tivesse uma idéia tão esquisita como perguntar se será verdade que todos nós estamos consumindo produtos de alta qualidade, essa pessoa seria uma raridade.

Ainda não se chegou a esse ponto, mas pareceria que vamos em caminho. Quem não tiver conhecimento prévio, não terá oportunidade quase nenhuma de saber que a música clássica existe.

GBZ



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