Em nossa mente a partitura vai ficando impressa à medida que a aprendemos, segundo seja a forma como estejamos estudando-a.
Aprender a
executar uma partitura requer uma familiarização com a técnica e a escrita. Tudo
isto é muito importante, naturalmente, e até hoje o ensino musical é fundado
nesses aspectos. Porém, há outro aspecto, não menos importante, e é como se faz
para estudar. Poderíamos dizer que até no caso de um estudante com aptidões excepcionalmente
boas, os resultados seriam ainda melhores se esse aluno aprendesse a estudar
corretamente. Como é que se faz, então, para estudar? Na realidade isto é algo
que todos nós terminamos sabendo, mas quase ninguém sabe cultivar
conscientemente.
É evidente
que quando queremos aprender algo devemos primeiro estudá-lo, e depois
ensaiá-lo até atingir o domínio prático do que foi aprendido. E os resultados serão
dacordo à forma como essa tarefa haja sido feita. Muitos são os que perdem o
tempo por causa de não saberem estudar. Poder-se-ia dizer que – parafraseando um
ditado bem conhecido - : “Diz-me como estudas e te direi que músico tu és”.
Isto é aplicável não somente ao músico profissional, mas também ao iniciante,
pois este quase sempre tem a idade em que os hábitos ficam mais enraizados.
Façamos
algumas observações. Por exemplo, o caso de um concertista que sempre entra em pânico
momentos antes da apresentação e consulta a partitura até momentos antes de entrar
ao palco, como se não a dominasse completamente. Isto é porque não estudou bem
essa partitura, mesmo que tivesse dedicado um bom tempo a aprendê-la. Também é
possível que arraste, desde a época de iniciante, certos hábitos adquiridos
que, no momento crítico da apresentação, lhe provoquem essa insegurança. De
forma muito parecida podemos lembrar aqueles estudantes (ou ainda músicos
profissionais) que, para se “esquentar”, não fazem exercícios apropriados e
preferem repassar trechos mais ou menos difíceis das obras que haverão de
interpretar poucos minutos depois; apresentam este sintoma porque cultivam
formas defeituosas de estudar.
O estudo e
a prática exigem método, sistema, ordem e habilidade. Como estudar deveria ser mais uma matéria em qualquer área do
conhecimento, mas na música é um tema bastante complexo. São muitos os que
acreditam em que o tempo faz tudo, e é assim como tantas vezes se perde o tempo
em esgotadoras horas de prática cujo resultado não se corresponde com a
quantidade de esforço realizado.
Quiçá se
diga que tudo isto é um tema que interessa só aos concertistas, mas essa forma
de pensar é precisamente a que forma legiões de pessoas que não sabem estudar.
Ou seja, é raro que um iniciante já tenha decidido qual será o seu futuro com a
música, razão evidente para prevenir desde o começo a formação de hábitos
capazes de produzir um máximo rendimento com o menor esforço possível. Também
podemos pensar, ao respeito, em que se uma pessoa estuda música só pelo prazer
de fazê-la, se encontrasse demasiadas dificuldades ficará desanimada.
Também se
diz frequentemente que cada um tem seu método próprio, que foi achando-o após
anos de prática, e que não é conveniente submeter aos estudantes a disciplinas
coercitivas. Com certeza, mas também é verdade que aquele que seguir esse
caminho irá cego por um terreno desconhecido, até achar finalmente um caminho
bem traçado. Isto expõe muito à reaprendizagem (apagar um caminho para aprender
outro que é novo).
Em
definitiva, pode e deve existir uma técnica para estudar. Ou seja, formas de
entender uma partitura, saber como organizá-la na memória, saber decidir os
movimentos corporais que serão necessários de fazer, saber como organizar
coerentemente as dificuldades que se produzem naturalmente na hora de estudar,
para vencê-las, em fim, trata-se de aprender a manejar os próprios processos
mentais aprendendo a controlá-los.
GBZ
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário será publicado em breve.